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CASAR E TER FILHOS O QUE PENSAM AS PILOTOS DA INDY
por Suzane Carvalho

Uma das questões que impedem algumas pilotos de kart a seguirem na carreira como pilotos profissionais, é o lado pessoal e familiar.
Quando uma menina alcança a adolescência, o relacionamento com os meninos e mecânicos já muda. Conforme a idade e as categorias pelas quais podem correr vão avançando, começa uma certa cobrança comportamental, ainda que esta seja inconsciente.
Ainda hoje, as meninas são educadas de forma tradicional, e os meninos ainda vêem as mulheres como submissas e substitutas da mãe, que um dia irão dar carinho e cuidados especiais, cuidando, inclusive, de suas casas, afinal, esta é a educação que veio dos pais, que foram criados em uma era em que o mundo ainda era machista, e para que uma mulher tivesse reconhecimento, era preciso levantar a bandeira do feminismo.
A pressão por parte da sociedade, incluindo familiares, amigos e até namorados, por uma vida considerada “normal”, ou seja, de constituir família, casando, tendo filhos e cuidando do lar, acaba por fazer com que muitas das meninas que se destacam no kart, abandonem as pistas e não sigam uma carreira no automobilismo.
Ser esportista, em nada afeta o lado feminino, pois feminilidade não é sinônimo de fragilidade ou frescura. A maioria dos esportes exige garra, determinação, força e agressividade, e na verdade, é muito bom para uma mulher colocar para fora toda a sua agressividade em uma disputa esportiva, deixando a suavidade e sensibilidade para outros momentos. O mesmo ocorre com um homem. Trabalhar com arte e música, instiga a sensibilidade e criatividade, o que certamente o fará mais perceptivo, sendo produtivo, inclusive, para qualquer outro trabalho considerado “tradicional”.
Danica Patrick, piloto da equipe Andretti da Fórmula Indy, é americana, tem 29 anos e começou a correr de kart aos 9. Foi para a Europa onde correu de Fórmula Vauxhall Jr. e Fórmula Ford, e está em sua sétima temporada na Fórmula Indy. Apesar de casada, ela diz que não quer ter filhos, pois não gosta de crianças e não consegue se imaginar grávida e com “barrigão”.
A suiça Simona de Silvestro, 22 anos, começou a correr de kart aos 13 anos. Correu de Fórmula Renault na Itália, e em 2006 foi para os Estados Unidos onde correu nas Fórmulas BMW e Atlantic. Está em seu segundo ano na Indy.
Ela não tem namorado e disse jamais ter pensado em casar ou ter filhos. Quando perguntei o que faria no caso de isso acontecer, ela falou que talvez parasse só para ter o filho e voltaria a correr, mas que realmente, coisas desse tipo jamais passaram pela sua cabeça.
Já a brasileira Bia Figueiredo, 26 anos, começou sua carreira no kart aos 8 anos e correu na Fórmula Renault brasileira e Fórmula 3 Sul-americana antes de seguir para os Estados Unidos e correr na Indy Lights. Estreou na Indy ano passado e 2011 é sua primeira temporada completa. Quando perguntei sobre “casar e ter filhos”, sua reação foi de espanto. Disse que não pensou nisso porque é preciso uma dedicação e um profissionalismo muito grande na Indy, e que para ter filho, também, e está vendo a dificuldade que seus colegas Tony Kanaan, Vitor Meira e Hélio Castro Neves estão tendo com seus filhos. Mas que se um dia engravidar, para de correr.
Eu comecei a correr de kart aos 25 anos, e minha dedicação ao automobilismo foi intensa durante 14 anos. Corri na Europa e América do Norte, até chegar a negociar para correr nas Fórmulas 1 e Indy. Fui casada duas vezes, mas jamais pensei em ter filhos, pois acho que filho é resultado de um relacionamento estável e consistente, o que jamais tive. Durante minha carreira, a presença de namorados na pista, de fato atrapalhava minha concentração, pois é muito difícil um homem entender que ficou para segundo plano.
Na verdade, ter ou não filho, é uma opção da mulher em qualquer profissão, mas é preciso ter personalidade para enfrentar as pressões da sociedade até que a opção e individualidade de cada mulher seja finalmente respeitada e entendida como forma de vida.
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