Apesar de serem praticamente iguais para os olhos de um leigo, considero as duas categorias bastante distintas.
Em matéria de ambiente, a Fórmula Indy, tem uma maneira de ser bem americanizada, com um sentido de esportividade superior à Fórmula 1, que tem um espírito de competitividade maior. Isto se reflete fora das pistas também, onde encontramos um ambiente mais familiar e amigável na Indy. Os prêmios em dinheiro que a Indy oferece, faz com que todos os pilotos saiam satisfeitos, pois só em fazer parte do grid de largada, você já está ganhando, além de fazer com que a equipe faça de tudo para manter o carro na pista até o final da corrida, pois cada volta completada representa um prêmio maior.
Já na Fórmula 1, o ambiente é mais pesado, e o clima mais tenso; pois tem muito dinheiro envolvendo a categoria (a Ferrari gasta 300 milhões de dólares por ano contra 25 milhões de uma equipe da CART), mas somente os pilotos que conseguem andar na ponta acabam por ganhar algum. E a briga para ser um "star" e conseguir um lugar ao sol, leva a uma competitividade maior dentro e fora das pistas.
Em aspectos técnicos, o Fórmula 1 é um carro de reações e acelerações mais rápidas, além de "dobrar" (fazer curva) melhor que o Indy, pois é um carro construído com componentes mais leves, apesar de motor maior (2.65 na CART x 3.0 na F1 e 3.5 na IRL). Consequentemente, mais difícil de guiar, pois é mais arisco. Já o Indy, tem uma velocidade final maior, e oferece uma competitividade que não se vê na Fórmula 1. Um piloto e uma equipe que hoje faz a pole e ganha corrida, amanhã pode estar largando no final do pelotão. Existe um equilíbrio maior entre os carros e as equipes, pois apenas duas marcas de chassis e 3 de motores são usadas por todas as equipes, enquanto que na F1 as equipes são obrigadas a construir seus próprios carros. Além disso, na Indy é usada monomarca de pneu.
Não tem dúvida que a Indy se popularizou no Brasil. Este foi um trabalho que veio sendo feito aos poucos, desde que começou a transmissão por televisão, e o Emerson se sagrou Campeão. Com isso, outros pilotos descobriram o caminho, e o número de brasileiros aumentou, até que finalmente, depois de 11 anos de negociações, a CART aprovou a idéia de se fazer um GP aqui, o que, infelizmente, por política, perdemos; afinal de 96 a 2001, quase 1/3 do grid foi formado por pilotos brasileiros que levam dinheiro para a categoria.
Na Fórmula 1, temos Rubinho Barrichello na Ferrari. Ele começou por uma equipe pequena, e cresceu junto dela. É muito difícil trocar de carro e motor a cada ano, e achar o acerto ideal para o conjunto todo, o que leva tempo. Quando na Jordan e Stewart, Rubinho disputava metro a metro a pista com Schumacher. Não foi à toa que foi chamado para ser seu companheiro, pois representaria uma ameaça grande em outra equipe de ponta. Enrique Bernoldi está em seu segundo ano e lutando para mostrar seu talento mesmo em uma equipe pequena. Tarso Marques, desde 96 oferece seu potencial para equipes pequenas lutarem pela sobrevivência. E o Felipe Massa, teve muita sorte por a equipe ter desenvolvido um bom conjunto chassis/motor e poderá se impor na categoria além de criar uma legião de fãs.
Já na CART, os brasileiros dominaram nos últimos anos, chegando a ter 10 representantes no grid, e levando os dois últimos campeonatos. Hoje, com a crise econômica, somos 4: Bruno Junqueira, Cristiano da Matta, Christian Fittipaldi e Tonny Kannaan, todos em equipes de ponta. Na IRL, temos Felipe Giaffone, Gil de Ferran, Hélio Castro Neves e Airton Daré entre 40 pilotos!
Todos, sem dúvida, vitoriosos por estarem lá.